CAUE FONSECA | BRASÍLIA
Santa Maria, capital militar
Cidade receberá R$ 500 milhões em investimentos para a construção de 30 instalações até 2025
Ao longo da próxima década, a previsão é de que Santa Maria receba o equivalente a uma arena da Copa em investimentos militares. No QG do Exército, em Brasília, a subchefia de Política e Estratégia do Estado-Maior detalhou as primeiras estruturas do Centro de Adestramento e Avaliação-Sul (CAA-Sul), um complexo que, funcionando, treinará até 1,5 mil militares simultaneamente.
Um dos comandantes da subchefia responsável pelo planejamento estratégico do Exército, o coronel Carlos José Sinésio (leia entrevista ao lado) compara as 30 instalações a um “jogo de Lego”, que será montado módulo a módulo até 2025, somando mais de R$ 500 milhões.
Enquanto uma estrutura análoga será montada na Amazônia para exercícios militares na selva, o centro de Santa Maria respeita a vocação da região para o treinamento de tropas blindadas e mecanizadas. É justamente por já contar com o Centro de Instrução de Santa Maria (Cism) que a cidade foi contemplada com os novos equipamentos. Embora o valor chame a atenção, o principal foco do projeto, segundo o Exército, é economizar. Ao concentrar os trabalhos com blindados em um centro e substituir estruturas reais por componentes virtuais, poupa-se em munição, combustível, segurança e em danos ambientais.
– Continuaremos a promover exercícios com equipamentos reais, mas, dependendo do armamento, um tiro de canhão pode ter o custo de um carro popular. Isso estimula investimentos no mundo inteiro em tecnologia virtual – explica o coronel Sinésio.
Entrevista com Carlos Sinésio, Subchefe de Política e Estratégia
No QG do Exército, em Brasília, o coronel Carlos Sinésio recebeu ZH para uma conversa sobre o papel de Santa Maria no planejamento estratégico das Forças Armadas. Leia trechos:
Zero Hora – Por que Santa Maria?
Sinésio – O CAA-Sul será vocacionado para tropas blindadas e mecanizadas, e já temos instalações funcionando em Santa Maria. Uma das principais é o Centro de Instrução de Blindados. A cidade já é uma das maiores e principais guarnições militares do país. E também pelo acesso, por rodovias e pela própria base aérea.
ZH – Existe risco de estagnar os investimentos?
Sinésio – Trabalhamos com o cenário de que o Brasil será potência, com relevância internacional. Sobre o valor divulgado (R$ 500 milhões), trata-se de uma previsão de gastos para oito a 10 anos. Temos como assegurar de R$ 40 milhões a R$ 50 milhões ano.
Santa Maria, capital militar
Cidade receberá R$ 500 milhões em investimentos para a construção de 30 instalações até 2025
Ao longo da próxima década, a previsão é de que Santa Maria receba o equivalente a uma arena da Copa em investimentos militares. No QG do Exército, em Brasília, a subchefia de Política e Estratégia do Estado-Maior detalhou as primeiras estruturas do Centro de Adestramento e Avaliação-Sul (CAA-Sul), um complexo que, funcionando, treinará até 1,5 mil militares simultaneamente.
Um dos comandantes da subchefia responsável pelo planejamento estratégico do Exército, o coronel Carlos José Sinésio (leia entrevista ao lado) compara as 30 instalações a um “jogo de Lego”, que será montado módulo a módulo até 2025, somando mais de R$ 500 milhões.
Enquanto uma estrutura análoga será montada na Amazônia para exercícios militares na selva, o centro de Santa Maria respeita a vocação da região para o treinamento de tropas blindadas e mecanizadas. É justamente por já contar com o Centro de Instrução de Santa Maria (Cism) que a cidade foi contemplada com os novos equipamentos. Embora o valor chame a atenção, o principal foco do projeto, segundo o Exército, é economizar. Ao concentrar os trabalhos com blindados em um centro e substituir estruturas reais por componentes virtuais, poupa-se em munição, combustível, segurança e em danos ambientais.
– Continuaremos a promover exercícios com equipamentos reais, mas, dependendo do armamento, um tiro de canhão pode ter o custo de um carro popular. Isso estimula investimentos no mundo inteiro em tecnologia virtual – explica o coronel Sinésio.
ENTREVISTAS
“O cenário é de potência”
Entrevista com Carlos Sinésio, Subchefe de Política e Estratégia
No QG do Exército, em Brasília, o coronel Carlos Sinésio recebeu ZH para uma conversa sobre o papel de Santa Maria no planejamento estratégico das Forças Armadas. Leia trechos:
Zero Hora – Por que Santa Maria?
Sinésio – O CAA-Sul será vocacionado para tropas blindadas e mecanizadas, e já temos instalações funcionando em Santa Maria. Uma das principais é o Centro de Instrução de Blindados. A cidade já é uma das maiores e principais guarnições militares do país. E também pelo acesso, por rodovias e pela própria base aérea.
ZH – Existe risco de estagnar os investimentos?
Sinésio – Trabalhamos com o cenário de que o Brasil será potência, com relevância internacional. Sobre o valor divulgado (R$ 500 milhões), trata-se de uma previsão de gastos para oito a 10 anos. Temos como assegurar de R$ 40 milhões a R$ 50 milhões ano.
“A mudança de gestão chegou”
Entrevista com Carlos Bolivar, Comandante Militar do Sul
Em abril, após três anos à frente do Comando Militar do Sul, o general de Exército Carlos Bolivar deixará o cargo no fim de abril. Confira trechos da entrevista ao Diário de Santa Maria.
Diário de Santa Maria – Como o senhor avalia esse período à frente do Comando Militar do Sul (CMS)?
Bolivar – Estamos passando por um processo de transformação no Exército. Isso é motivador. A gente se sente não só recompensado na parte profissional, mas também pelas muitas coisas boas que virão.
Diário – Quais são as principais mudanças que estão ocorrendo no Exército e no perfil dos militares nos últimos anos?
Bolivar – A mudança na gestão, que ocorre no mundo todo, também chegou ao Exército. É um processo e não tem data para acabar, pois sempre aparecem novas necessidades e tecnologias.
O CAA-SUL - Confira o que será o Centro de Adestramento e Avaliação-Sul
- O CAA-Sul trabalhará com tipos diferentes de simulação, por vezes de forma integrada.
- O primeiro é a virtual, que simula ambientes de conflito em cabines e telas, como em um videogame hiper-realista.
- O segundo é a construtiva, onde há jogos de inteligência virtual em que se testam ações e reações por meio tomadas de decisões em combate.
- O terceiro é a evolução do CAA-Sul em relações às estruturas de hoje. Na simulação viva, componentes virtuais são acoplados ao maquinário real. Assim é possível fazer um disparo com um canhão de verdade, por exemplo, mas sem munição, calculando os efeitos do tiro por meios eletrônicos.
AS ESTRUTURAS - O que deve ter no Centro de Adestramento e Avaliação-Sul
SIMULADOR CONSTRUTIVO, O COMBATER
- O software Combater é um jogo realista de tomada de decisões. A título de comparação, é como um War adaptado ao mundo real. Ele simula conflitos entre forças antagônicas que podem ser um batalhão contra um grupo de guerrilheiros. O software ensina a agir, ainda, em situações como operação humanitária ou controle de manifestação.
- Entre a aquisição de uma empresa francesa e adaptação a realidades brasileiras, o custo é de R$ 13 milhões. A inteligência virtual é o principal diferencial.
- O Combater também permite manipular o tempo, de modo que é possível realizar treinamentos que considerem a oscilação de fatores humanos como a moral de uma tropa e a fadiga. Desta forma, se um ataque for ordenado pelo “jogador” em um dia, ele tem um efeito. Já se for ordenado em um cenário simulado para uma semana depois, quando o cansaço do adversário está nos cálculos do computador, o efeito será outro.
SIMULADOR DE APOIO DE FOGO, O SAFO
- A primeira grande estrutura física do Centro de Adestramento já está em construção desde 2012 no Cism e deve ser inaugurada este ano. É o Simulador de Apoio de Fogo, o Safo. O prédio de 4,5 mil metros quadrados servirá para simular exercícios de tiros usando artefatos reais.
- Os cenários em escala real se baseiam em imagens geográficas acrescidas de componentes em resolução fotográfica como edificações, estradas, rios, pontes. O ambiente permite simular operações próprias e inimigas em um campo de batalha com realismo.
- O custo das estruturas, desenvolvidas em uma parceria entre o Exército e uma empresa espanhola, supera os R$ 20 milhões. Além do simulador de Santa Maria, outro Safo está sendo construído na Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende (RJ).
SIMULADORES DO BLINDADO GUARANI
- Ainda na etapa de projeto, o CAA-Sul planeja um simulador em tamanho real do novo blindado Guarani. Como no Safo, o equipamento trabalhará com simulação de respostas virtuais a movimentos reais, como em um fliperama.
- Por ora, os treinamentos para os operadores do Guarani se dão por meio do CBT, software de treinamento baseado em computadores, desenvolvido a um custo de R$ 1,5 milhão pelo Projeto Simuladores - uma parceria do Exército com empresas de programação. Outros R$ 3 milhões foram gastos na compra e aplicação no treinamento de futuros motoristas, operadores e mecânicos.
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