sexta-feira, 21 de março de 2014

CENTRO DE ADESTRAMENTO E AVALIAÇÃO SUL

DIÁRIO DE SANTA MARIA, 26/02/2014 | 10h45


Confira o que terá no Centro de Adestramento e Avaliação-Sul (CAA-Sul), que começará a ser construído em 2015 em Santa Maria. Cidade sediará estrutura para treinar militares de todo o país em diferentes situações, usando simuladores



Centro de treinamento simulado terá mais de 30 prédios e será construído no Cism, em Santa Maria, e em Rosário do SulFoto: Fernanda Ramos / especial


Juliana Gelatti


O objetivo do Centro de Adestramento e Avaliação-Sul (CAA-Sul), que começará a ser construído em 2015 em Santa Maria, é maximizar a eficiência e a eficácia dos treinamentos dos militares economizando recursos em combustíveis e munição.

Será o maior quartel de Santa Maria, com uma unidade também em Rosário do Sul, sendo uma referência em tecnologia de simulação para toda a América do Sul.

Alguns países da Europa têm centros como o que será feito aqui, mas todos eles menos completos. O que mais se assemelha ao projeto brasileiro é o que existe nos Estados Unidos. O CAA-Sul, que ficará em Santa Maria, faz parte do projeto do Sistema de Adestramento e Avaliação, que abrangerá quatro centros em todo o país.

O primeiro desses centros será o de Santa Maria, voltado para a Região Sul. Também será o maior e mais completo de todos. Deve haver outros centros com a mesma função na Amazônia, no Centro Oeste e no Sudeste, em locais ainda a serem definidos. Veja outras características sobre o novo quartel de Santa Maria:

- Investimento: R$ 500 milhões em construções e equipamentos

- Mais de 30 prédios serão construídos em Santa Maria e em Rosário do Sul

- De 800 a mil militares trabalhando no quartel

- A capacidade é para receber mais 1,5 mil militares para treinamento, simultaneamente

- Será possível fazer treinamentos com simulação de três tipos: virtual, viva e construtiva (veja mais no outro quadro)

- A construção está dividida em três fases. A primeira deve ficar pronta e começar a funcionar já em 2018. Em 2025 o centro estará finalizado

- Empresas estrangeiras devem ser contratadas para a obra e para aquisição de equipamentos, já que o país não tem essa tecnologia ainda

Conheça os três tipos de adestramento simulado que o CAA-Sul terá a capacidade para realizar:

- Simulação virtual: Ocorre com computadores e outros equipamentos, que podem estar ligados a telões com sensores. O soldado poderá treinar individualmente, por exemplo, simulando tiros em um cenário virtual. Ou então, um pelotão inteiro poderá estar na mesma sala com um só telão à frente, simulando seus movimentos e ações em uma mesma batalha

- Simulação viva: Ocorre no campo, e os soldados usam armas e blindados. Porém, em vez de munição, os equipamentos têm laser e emitem sinais de radiofrequência. Nas viaturas e nas fardas, há sensores que captam um tiro do combatente inimigo, por exemplo, sinalizando que aquele soldado está fora de combate. Todas as informações sobre a movimentação da tropa e disparos virtuais irão para uma central que acompanha tudo e pode avaliar o desempenho do treinamento

- Simulação construtiva: Ocorre principalmente com o uso de softwares em computadores, que são empregados por militares em função de comando, para treinar a tática e a estratégia do combate. Os comandantes dão ordens a tropas nesse simulador e podem avaliar o desempenho, tendo de tomar decisões para atingir o objetivo. Uma novidade em relação a outros sistemas de simulação que já existem no mundo é que o brasileiro terá integração entre a simulação construtiva e as demais. Assim, uma ordem dada pelo comandante será comunicada à tropa que está no campo, que colocará em prática e, em tempo real, o general poderá avaliar o resultado daquela decisão


DIÁRIO DE SANTA MARIA

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POLO DE TREINAMENTO


ZERO HORA 21 de março de 2014 | N° 17739


CAUE FONSECA | BRASÍLIA


Santa Maria, capital militar

Cidade receberá R$ 500 milhões em investimentos para a construção de 30 instalações até 2025



Ao longo da próxima década, a previsão é de que Santa Maria receba o equivalente a uma arena da Copa em investimentos militares. No QG do Exército, em Brasília, a subchefia de Política e Estratégia do Estado-Maior detalhou as primeiras estruturas do Centro de Adestramento e Avaliação-Sul (CAA-Sul), um complexo que, funcionando, treinará até 1,5 mil militares simultaneamente.

Um dos comandantes da subchefia responsável pelo planejamento estratégico do Exército, o coronel Carlos José Sinésio (leia entrevista ao lado) compara as 30 instalações a um “jogo de Lego”, que será montado módulo a módulo até 2025, somando mais de R$ 500 milhões.

Enquanto uma estrutura análoga será montada na Amazônia para exercícios militares na selva, o centro de Santa Maria respeita a vocação da região para o treinamento de tropas blindadas e mecanizadas. É justamente por já contar com o Centro de Instrução de Santa Maria (Cism) que a cidade foi contemplada com os novos equipamentos. Embora o valor chame a atenção, o principal foco do projeto, segundo o Exército, é economizar. Ao concentrar os trabalhos com blindados em um centro e substituir estruturas reais por componentes virtuais, poupa-se em munição, combustível, segurança e em danos ambientais.

– Continuaremos a promover exercícios com equipamentos reais, mas, dependendo do armamento, um tiro de canhão pode ter o custo de um carro popular. Isso estimula investimentos no mundo inteiro em tecnologia virtual – explica o coronel Sinésio.


ENTREVISTAS


“O cenário é de potência”

Entrevista com Carlos Sinésio, Subchefe de Política e Estratégia



No QG do Exército, em Brasília, o coronel Carlos Sinésio recebeu ZH para uma conversa sobre o papel de Santa Maria no planejamento estratégico das Forças Armadas. Leia trechos:

Zero Hora – Por que Santa Maria?

Sinésio – O CAA-Sul será vocacionado para tropas blindadas e mecanizadas, e já temos instalações funcionando em Santa Maria. Uma das principais é o Centro de Instrução de Blindados. A cidade já é uma das maiores e principais guarnições militares do país. E também pelo acesso, por rodovias e pela própria base aérea.

ZH – Existe risco de estagnar os investimentos?

Sinésio – Trabalhamos com o cenário de que o Brasil será potência, com relevância internacional. Sobre o valor divulgado (R$ 500 milhões), trata-se de uma previsão de gastos para oito a 10 anos. Temos como assegurar de R$ 40 milhões a R$ 50 milhões ano.





“A mudança de gestão chegou”

Entrevista com Carlos Bolivar, Comandante Militar do Sul



Em abril, após três anos à frente do Comando Militar do Sul, o general de Exército Carlos Bolivar deixará o cargo no fim de abril. Confira trechos da entrevista ao Diário de Santa Maria.

Diário de Santa Maria – Como o senhor avalia esse período à frente do Comando Militar do Sul (CMS)?

Bolivar – Estamos passando por um processo de transformação no Exército. Isso é motivador. A gente se sente não só recompensado na parte profissional, mas também pelas muitas coisas boas que virão.

Diário – Quais são as principais mudanças que estão ocorrendo no Exército e no perfil dos militares nos últimos anos?

Bolivar – A mudança na gestão, que ocorre no mundo todo, também chegou ao Exército. É um processo e não tem data para acabar, pois sempre aparecem novas necessidades e tecnologias.


Confira o que terá no Centro de Adestramento e Avaliação-Sul (CAA-Sul), que começará a ser construído em 2015 em Santa Maria Fernanda Ramos/especial

O CAA-SUL - Confira o que será o Centro de Adestramento e Avaliação-Sul

- O CAA-Sul trabalhará com tipos diferentes de simulação, por vezes de forma integrada.

- O primeiro é a virtual, que simula ambientes de conflito em cabines e telas, como em um videogame hiper-realista.

- O segundo é a construtiva, onde há jogos de inteligência virtual em que se testam ações e reações por meio tomadas de decisões em combate.

- O terceiro é a evolução do CAA-Sul em relações às estruturas de hoje. Na simulação viva, componentes virtuais são acoplados ao maquinário real. Assim é possível fazer um disparo com um canhão de verdade, por exemplo, mas sem munição, calculando os efeitos do tiro por meios eletrônicos.


AS ESTRUTURAS - O que deve ter no Centro de Adestramento e Avaliação-Sul


SIMULADOR CONSTRUTIVO, O COMBATER

- O software Combater é um jogo realista de tomada de decisões. A título de comparação, é como um War adaptado ao mundo real. Ele simula conflitos entre forças antagônicas que podem ser um batalhão contra um grupo de guerrilheiros. O software ensina a agir, ainda, em situações como operação humanitária ou controle de manifestação.

- Entre a aquisição de uma empresa francesa e adaptação a realidades brasileiras, o custo é de R$ 13 milhões. A inteligência virtual é o principal diferencial.

- O Combater também permite manipular o tempo, de modo que é possível realizar treinamentos que considerem a oscilação de fatores humanos como a moral de uma tropa e a fadiga. Desta forma, se um ataque for ordenado pelo “jogador” em um dia, ele tem um efeito. Já se for ordenado em um cenário simulado para uma semana depois, quando o cansaço do adversário está nos cálculos do computador, o efeito será outro.

SIMULADOR DE APOIO DE FOGO, O SAFO

- A primeira grande estrutura física do Centro de Adestramento já está em construção desde 2012 no Cism e deve ser inaugurada este ano. É o Simulador de Apoio de Fogo, o Safo. O prédio de 4,5 mil metros quadrados servirá para simular exercícios de tiros usando artefatos reais.

- Os cenários em escala real se baseiam em imagens geográficas acrescidas de componentes em resolução fotográfica como edificações, estradas, rios, pontes. O ambiente permite simular operações próprias e inimigas em um campo de batalha com realismo.

- O custo das estruturas, desenvolvidas em uma parceria entre o Exército e uma empresa espanhola, supera os R$ 20 milhões. Além do simulador de Santa Maria, outro Safo está sendo construído na Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende (RJ).

SIMULADORES DO BLINDADO GUARANI

- Ainda na etapa de projeto, o CAA-Sul planeja um simulador em tamanho real do novo blindado Guarani. Como no Safo, o equipamento trabalhará com simulação de respostas virtuais a movimentos reais, como em um fliperama.

- Por ora, os treinamentos para os operadores do Guarani se dão por meio do CBT, software de treinamento baseado em computadores, desenvolvido a um custo de R$ 1,5 milhão pelo Projeto Simuladores - uma parceria do Exército com empresas de programação. Outros R$ 3 milhões foram gastos na compra e aplicação no treinamento de futuros motoristas, operadores e mecânicos.