ZERO HORA 06 de maio de 2015 | N° 18154
JOSÉ LUÍS COSTA
Exército cancela ação na fronteira do Estado
VERBA 40% MENOR causa suspensão no RS e em SC de ofensiva contra tráfico de drogas e armasA crise financeira que o levou o governo federal a enxugar o orçamento da União poderá reduzir em 40% as verbas para o Exército em 2015. Uma das consequências é a suspensão de ações de fronteira no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, afetando o combate ao ingresso de drogas.
O tema preocupa o Comando Militar do Sul (CMS), que atua em uma faixa de 2,4 mil quilômetros nos limites com Argentina, Uruguai e Paraguai – principal “exportador” de maconha para o Brasil.
– Com menos recursos, treinaremos menos, estaremos menos capacitados e com menos verba para manutenção. É como uma bola de neve – lamentou o general de Exército Antônio Hamilton Martins Mourão, comandante do CMS, em encontro com jornalistas na manhã de ontem na Capital.
O CMS definiu que a nona edição da Operação Ágata será realizada apenas no Paraná. Criada em 2011, é uma das principais ofensivas das Forças Armadas em parceria de 13 ministérios com 20 organismos, como Receita Federal e Polícia Federal, para reprimir o tráfico de drogas e de armas na fronteira com 10 países.
Questionado sobre o impacto da medida no combate ao tráfico no Estado, o general disse que pretende reforçar outras ações, como a Operação Fronteira Sul, contando com efetivos menores, alocados nas cidades fronteiriças.
– Ficamos sem capacidade de cumprir uma parcela das atividades. Mas é importante destacar que a missão do Exército neste processo é secundária, esporádica. O combate às drogas é uma questão de saúde pública, de investimentos em comunidades e também está ligado aos organismos de segurança pública. O Estado tem de agir como um todo. Se não fizer isso, vamos enxugar gelo indefinidamente – enfatizou Mourão.
DESPESAS DE CUSTEIO DEVEM PERDER R$ 880 MILHÕESO corte deve tirar dos cofres do Exército R$ 880 milhões dos R$ 2,2 bilhões até então previstos para despesas de custeio neste ano nos oito comandos regionais. O governo federal também incorporou ao orçamento cerca de R$ 190 milhões relativos a receitas próprias do Exército.
A redefinição de gastos em cada comando será decidida em uma reunião da cúpula, na próxima semana, em Brasília. Alimentação, saúde e material de consumo como fardamento são prioridades. O CMS estuda medidas como redução do horário de expediente para gastar menos com água e luz.