sábado, 22 de junho de 2013

BELTRAME: EXÉRCITO PODE SER ACIONADO PARA REFORÇO DURANTE PROTESTOS


Secretaria de Segurança identifica dois acusados de vandalismo. Secretário afirma que Segurança é um jogo que ninguém nunca vai vencer

TAIS MENDES 
O GLOBO
Atualizado:21/06/13 - 22h52

O Secretário de Segurança José Mariano Beltrame e da cúpula da segurança do estadoGabriel de Paiva / Agência O Globo

RIO – Durante entrevista com a cúpula da Secretaria de Segurança, o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, afirmou que o Exército pode ser chamado para reforçar o policiamento durante os protestos na cidade:

- O Exército já esta no Rio. Não está em função das manifestações, mas eles têm um contingente à disposição da Secretaria. Se necessário for, usarei o Exército.

Beltrame reconheceu não ter conseguido controlar todas as situações que aconteceram durante as manifestações de quinta-feira, e disse que a segurança é um jogo que ninguém nunca vai vencer.

- Se tivéssemos conseguido controlar, o Rio não teria amanhecido do jeito que amanheceu - disse o secretário, afirmando que em algumas situações a ação da polícia foi positiva. - Controlamos muitas outras coisas que poderiam ter tomado dimensões muito maiores.

Dois vândalos já foram identificados

A chefe da Polícia Civil Martha Rocha disse nesta sexta-feira durante entrevista coletiva da cúpula da Secretaria de Segurança que, até agora, dois manifestantes foram identificados e ainda não estão presos.

- A polícia já esta trabalhando e, na terça-feira, identificou dois homens na escadaria da Alerj. Um deles aparece em uma outra cena numa agressão a um policial. Contra ele, já conseguimos um mandado de prisão.

Arthur dos Anjos Nunes, de 21 anos, teve a prisão preventiva decretada no plantão judiciário desta quinta-feira por participação nos atos de vandalismo durante a manifestação de segunda-feira. Arthur foi indiciado por formação de quadrilha e dano ao patrimônio. Ele foi identificado pela polícia em imagens tentando invadir o prédio da Assembleia Legislativa. A prisão é temporária de cinco dias. A Justiça também concedeu um mandado de busca e apreensão na casa de Arthur e de outro suspeito.

Sobre o número reduzido de prisões até o momento, o secretário de Segurança disse que primeiro é preciso cumprir as exigências do Poder Judiciário. Ele, no entanto, acredita os vândalos não são mais minoria:

- Minoria tem que ser repensada. Minoria não produz o que se viu hoje na Cidade. Estamos buscando informações e remodelando planejamentos na medida em que as informações mudam. Estamos procurando identificar pessoas que não são do grupo. Temos imagens e uma série de fotografias, mas temos que catalogar e trabalhar para buscar essas prisões. Há que se prender mais presos e tem que prender mais pessoas. Mas temos que completar os requisitos necessários para essas prisões.

Para Beltrame, a situação de quinta-feira foi atípica.

- Foi complexa e as consequências não são boas para os dois lados, seja para a polícia, seja para os manifestantes. De nada adianta demonizar a polícia. A polícia pode ter seus erros, suas mazelas, seus problemas – falou o secretário, ressaltando que, uma vez identificados, os abusos serão punidos.

O comandante geral da PM Erir Costa Filho disse que haverá uma reunião de planejamento para outros eventos que possam acontecer no Rio, avaliar e captar o que a Inteligência já fez, ainda nesta sexta-feira. Não há informações confirmadas da participação de facções criminosas nas passeatas.

O chefe do Estado Maior da Polícia Militar, coronel Pinheiro Neto, não avaliou com o abuso a ação dos policiais que atiraram bombas na porta do Hospital Souza Aguiar, no Centro:

- Infelizmente o gás dissipa no ar e não há como controlar. Os policiais estavam diante de uma pertubação da ordem para conter vândalos e o equipamento disponível era o gás

O militar também negou que tenha havido truculência policial na região da Lapa. Ele disse que um grupo de três mil pessoas se aglomerou na Cinelândia e depois na Lapa:

- A ordem era não permitir aglomerações no Centro. Havia a necessidade de dispersar. Não houve ataque da polícia.

No final da coletiva, o comandante geral da Polícia Militar, coronel Erir Costa Filho, fez recomendações para a população para as próximas manifestações.

- Fiquem separados para que a polícia possa identificar - disse.

E o coronel Pinheiro Neto completou:

- Não usem máscaras nas manifestações, Para que se esconder? Não usem disfarces, não levem mochilas e se afastem de quem está praticando ato de vandalismo.

Ministério Público vai apurar atuação da PM

A 2ª Promotoria de Justiça e a Auditoria de Justiça Militar do Ministério Público do Rio de Janeiro (MRPRJ) instauraram, nesta sexta-feira, inquérito para apurar os possíveis abusos praticados pelos policiais militares durante as manifestações desta quinta. Segundo a organização, o intuito é investigar principalmente a ação do Batalhão de Choque no Centro do Rio. A promotoria também instaurou inquérito para investigar o uso excessivo de força pela PM nos protestos realizados nas imediações do Maracanã, no último dia 16.

De acordo com nota divulgada pelo MP, o promotor Paulo Roberto Melo Cunha Júnior aguarda relatório do subcomandante do batalhão, o major Adriano Rodrigues, que deve ter detalhes sobre a utilização de armas não letais durante as ações da polícia, como gás lacrimogêneo e balas de borracha.



Promotores do MP também visitaram a Escola Nacional de Direito, o Instituto de Filosofia e Ciências Sociais, além do Hospital Souza Aguiar nesta manhã; para checar supostas violações e assegurar a integridade física dos manifestantes refugiados. A orientação do órgão é que pessoas com imagens de abusos ou que possam identificar os envolvidos nos atos de vandalismo, entrem em contato com a Ouvidoria do MPRJ pelo telefone 127 ou pela internet (www.mp.rj.gov.br).

O inquérito civil quer que o Comando Geral esclareça as estratégias e regulamentos utilizados pela corporação para as operações de controle de distúrbios civis; a atuação da corporação e de seus organismos, e a existência de normatização sobre a utilização de armas não letais como gás de pimenta, gás lacrimogêneo, armas de choque, balas de borracha e o bastão policial. O prazo dado foi de até 72 horas.

O MP informou também que irá notificar o comandante-geral da PMERJ e os comandantes dos respectivos batalhões, além dos responsáveis pelo 5º BPM (Praça da Harmonia) e 6º BPM (Tijuca).

sexta-feira, 7 de junho de 2013

DENÚNCIAS DE TORTURA

FOLHA.COM 7/06/2013 - 18h06

Governo cria grupo para apurar denúncias de tortura dentro das Forças Armadas


FERNANDA ODILLA
DE BRASÍLIA


O governo federal vai investigar 23 denúncias de violações de direitos humanos em instalações das Forças Armadas envolvendo, principalmente, cadetes e soldados.

Resolução da Secretaria de Direitos Humanos, publicada nesta sexta-feira (7) no "Diário Oficial da União", determinou a criação de um grupo de trabalho para apurar casos de maus-tratos e torturas dentro de unidades militares.

Assinada pela ministra Maria do Rosário (Direitos Humanos), a resolução é de 5 de abril e demorou mais de dois meses para ser publicada.

As 23 denúncias fazem parte de levantamento do Grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro, que selecionou casos a partir da década de 1990.

Segundo relatório encaminhado em 2001 à ONU (Organização das Nações Unidas), 20 casos teriam ocorrido no Rio e os demais no Amapá, São Paulo e Rio Grande do Sul.

"O único caso que foi adiante e virou processo com condenação foi o do meu filho. É muito difícil encontrar pessoas dispostas a denunciar e prestar depoimento", diz Carmem Lúcia Lapoente da Silveira, que perdeu o filho Márcio, à época com 18 anos, morto durante treinamento na Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende, em 1990.

Segundo Carmem, no caso do filho dela, um oficial chegou a ser condenado por maus tratos mas nunca foi preso. "Hoje ele já é coronel e até recebeu um prêmio de direitos humanos do Exército", lamenta.

Disposta a colaborar, ela torce para que esse grupo de trabalho force as Forças Armadas a punir, de fato, militares acusados de violações de direitos humanos. "Não te digo que tenho esperança, mas gostaria de ver uma mudança no comportamento".

O grupo de trabalho foi criado em resposta à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, que analisou o caso do filho de Carmem.

Segundo a resolução do governo federal, o grupo de trabalho vai exercer suas atividades por um ano, prazo que pode ser prorrogado pelo mesmo período, e será composto por representantes do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa humana, Ministério das Relações Exteriores, Secretaria de Direitos Humanos, Advocacia-Geral da União, Ministério Público Federal e Ministério Público Militar.

Segundo a resolução, o grupo, que não terá remuneração extra, deverá fazer recomendações aos órgãos envolvidos.

terça-feira, 4 de junho de 2013

APREENSÃO E HOMENAGEM A MILITAR MORTOS EM ACIDENTE

OPERAÇÃO ÁGATA JÁ APREENDEU 855 KG DE EXPLOSIVOS


ZERO HORA 04/06/2013


Realizada em toda a extensão da fronteira brasileira com os países da América do Sul desde o dia 18 de maio, a Operação Ágata 7 apreendeu, na Região Sul, 855 quilos de explosivos, nove toneladas de maconha, 381 quilos de drogas como cocaína, crack e haxixe, além de mercadorias contrabandeadas.

Segundo o general do Exército Carlos Bolivar Goellner, a ação conta com 12 mil militares e 600 agentes da segurança pública e de órgãos e agências federais nos três Estados do Sul – no Brasil, ao todo, participam mais de 30 mil homens.

Os militares também apreenderam 80 toneladas de pescado sem origem durante patrulhas navais em Rio Grande e 231 quilos de agrotóxicos contrabandeados do Uruguai na região da Campanha. Conforme a Receita Federal, o valor do material apreendido supera R$ 22 milhões.

– Realizamos a operação nos mais de 16 mil quilômetros de extensão de fronteira brasileira. Contamos com a participação de oficiais observadores do Paraguai e do Uruguai, com quem trocamos informações. O principal objetivo dessa operação é a troca de informações com agências do governo e forças de segurança de todo o país – disse o general Bolivar.




Homenagens a militares


Familiares, amigos e colegas despediram-se na tarde de ontem dos dois militares do Exército mortos, no domingo, em um acidente na BR-471 em Rio Grande. O cortejo foi realizado no Cemitério Ecumênico Cristo Rei de São Leopoldo.

O cabo Elton Vinicius Rosa Leote, 22 anos, e o soldado Maicon Santos da Silva, 20 anos, ambos do 18º Batalhão de Infantaria Motorizado, com sede em Sapucaia do Sul, voltavam de uma missão da Operação Ágata 7, no Chuí, quando o jipe capotou. Uma das hipóteses investigadas é que o furo de um pneu tenha desgovernado o veículo.

As homenagens aos jovens também foram destaque no programa Café com a Presidenta. Ao anunciar medidas para reforçar policiamento nas fronteiras, a presidente Dilma Rousseff lembrou do acidente:

– Quero me solidarizar com as famílias desses militares, com os seus companheiros e com o Exército.

Dos sete feridos, dois continuam internados em estado grave. Marcelo Santos de Figueiredo, 19 anos, teve traumatismo craniano e Emerson Santos Antunes, 20 anos, está com suspeita de pneumonia.

De acordo com a Polícia Rodoviária Federal, os militares não usavam cinto de segurança. Por ser um carro destinado ao deslocamento de tropas, o uso do dispositivo de segurança não é obrigatório.

CENTRO MILITAR VAI PROTEGER FRONTEIRAS

04 de junho de 2013 | N° 11702

SEGURANÇA PARA A COPA. Sala vigia as fronteiras do Sul

Instalado no QG de comando militar, na Capital, centro de operações coordenará ação das Forças Armadas nos três Estados



Um centro de operações das Forças Armadas, montado no Centro Histórico de Porto Alegre, comandará a segurança da fronteira nos Estados do sul do Brasil durante grandes eventos, como a Copa do Mundo 2014. Testada exaustivamente durante as duas últimas semanas, a estrutura é coordenada pelo Ministério da Defesa, em Brasília, que delega a operação ao Comando Militar do Sul (CMS).

A Operação Ágata 7 (leia o texto ao lado), que se encerra na próxima sexta-feira, serviu de principal experiência até agora para o centro de controle instalado no QG do CMS, comandado pelo general do Exército Carlos Bolivar Goellner. A ação, que ocorre em todo Brasil, conta com quase metade do efetivo na Região Sul por ter fronteiras mais povoadas.

A fim de facilitar o fluxo de informações entre as forças de segurança, a estrutura integra militares do Exército, Marinha e Aeronáutica, agentes de órgãos da segurança pública federais e estaduais, como as polícias Federal, Militar, Civil e rodoviária além de representantes das agências governamentais, como a Agência Brasileira de Investigação e Agência Nacional de Aviação Civil.

Conforme o secretário-executivo da Comissão Estadual de Segurança e Defesa para Grandes Eventos, coronel da Brigada Militar Erlo Pietroski, a sala de comando das Forças Armadas irá somar-se ao Centro Integrado de Comando e Controle (Cicc), que reúne as forças estaduais da Segurança Pública, e o Centro Integrado de Comando da Cidade de Porto Alegre (Ceic), que coordena agentes municipais de trânsito, proporcionando um comando mais inteligente:

– Essa integração está nos proporcionando conhecer profissionais de alta qualidade tanto das Forças Armadas quanto da Segurança Pública, além de termos contato com equipamentos e nos entrosarmos. Isso faz com que a União gaste menos, com um investimento mais inteligente e eficaz.

A divisão das tarefas entre os centros de comandos é bem clara: o CMS cuidará do espaço aéreo, fronteiras, área naval, defesa cibernética e estruturas críticas, como gasodutos, hidrelétricas e outros serviços vitais, disponibilizando material e pessoal para auxiliar as forças de segurança. O Cicc atuará na segurança de estádios, fronteiras, pontos turísticos, principais rotas de turistas e rede hoteleira. O Ceic ficará responsável pela mobilidade urbana na Capital e ações relacionadas à defesa civil.

Militares montam esquema para Jornada da Juventude

A principal preocupação do coronel Pietroski e do general Bolivar é a fronteira seca entre o Brasil e os vizinhos Paraguai, Argentina e Uruguai. Segundo Pietroski, o esquema montado serve a eventos que aparentemente não repercutiriam no Estado, como a Jornada Mundial da Juventude, que será realizada no Rio de Janeiro, em julho, e contará com a presença do papa Francisco:

– Juntos, cuidaremos da fronteira na Jornada da Juventude. Segundo dados da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), é esperado um fluxo de três meses de veraneio em três dias, todo rumo ao Rio de Janeiro.

THIAGO TIEZE



segunda-feira, 3 de junho de 2013

FEB - DOCUMENTÁRIO

UMA HISTÓRIA DE DEVER, AMOR, FÉ E DOR


FEB - Força Expedicionária Brasileira Parte 1 / Documentário em HDTV


PARTICIPAÇÃO DOS PARANAENSES

PARTE 1

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PARTE 2

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PARTE 3

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PARTE 4

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FEB
Força Expedicionária Brasileira


https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=hmGqMwaWxPo – parte 1

https://www.youtube.com/watch?feature=endscreen&v=KrAdsYQSNtk&NR=1 – parte 2

https://www.youtube.com/watch?v=9NbYha1xIM4&feature=endscreen&NR=1 – parte 3

https://www.youtube.com/watch?NR=1&v=sM0fTMLoP1s&feature=endscreen – parte 4

SONHO E VIDA DURA NA FRONTEIRAS

FOLHA.COM 02/06/2013 - 01h45

Em fronteira, macarrão vira iguaria, com larva de sobremesa

PATRÍCIA CAMPOS MELLO
ENVIADA ESPECIAL A RONDÔNIA E ACRE



Depois de dias sobrevivendo na selva à base de farofa com sardinha em lata, o sargento Lucas Rufino aprendeu uma receita gourmet que nem precisa de fogueira: miojo de dois litros.

Em uma garrafa de água de dois litros, basta por o miojo, adicionar o tempero de saquinho e sacudir bastante. "Fica molinho, você nem percebe que está frio", ele conta, sorrindo.

De sobremesa, outra iguaria: o gongo, a larva branca que fica dentro do coco babaçu; "O segredo é arrancar a cabeça com os dentes, aí a larva para de se mexer",explica. "Tem gosto de coco, é uma delícia."

Rufino passou 25 dias longe de casa na operação Curare, teve folga de cinco dias, e voltou para a selva. Já está há seis dias na reserva de Mapinguari, em Rondônia, perto da fronteira com a Bolívia, na Operação Ágata 7.

A vida dos militares que servem na Amazônia é dura, mas trata-se de um dos postos mais cobiçados. "Ser um tenente de 23, 24 anos, comandando um pelotão de fronteira, na primeira linha de defesa do país na selva, é o sonho de muita gente", diz o capitão Renato Ximenes.

Nas patrulhas de selva, a única maneira de se locomover é a pé. São 20km, 25 km por dia, abrindo caminho na mata e carregando mochilas que pesam até 35 quilos, cheias de munições e mantimentos, além dos fuzis ParaFal.

Operação Agata 7 











Fabio Braga/Folhapress
Patrulha fluvial no rio Apunam, fronteira natural com a Bolívia; o Exército brasileiro faz a Operação Agata, que tem como objetivo patrulhar os quase 17 mil km de território de fronteira

Os soldados normalmente recebem uma ração comercial: um saco plástico com pé de moleque, bolacha água e sal, miojo, um saco de farofa e uma lata de sardinhas. "É farofa de manhã, à tarde e à noite", conta o soldado Elias de Sousa. "Se eu chegar em casa e minha mulher me oferecer farofa eu digo negativo, nem pensar."Eles se referem à comida como "bizú".

No fim do dia, os militares abrem uma clareira para montar o acampamento. Muitos preferem não usar as barracas, que eles chamam de iglus. "Se passa uma matilha de queixadas à noite, não sobra nada. Fora a umidade. Faz muito frio na selva à noite", diz o capitão Ximenes. Os militares dormem nas redes de selva, que vêm com mosquiteiro e um telhadinho. A cada duas horas, trocam o turno na vigilância noturna. Aprendem a "torar" (dormir, na gíria deles) a prestações.

Tomar banho é outro desafio. O mergulho nos igarapés soa idílico, até que se ouçam as histórias sobre as arraias. Ficam camufladas no chão de areia e quem pisa leva uma ferroada muito dolorida. Dois anos atrás, em uma missão na selva, um soldado teve de ser resgatado à noite, de helicóptero, depois de pisar numa arraia.

Há outros riscos. Em algumas regiões, os soldados contam mais de dez malárias. A dengue é cada vez mais comum. E tem também a leishmaniose, "a ferida braba". A leishmaniose é transmitida pela picada do mosquito flebótomo, que se transforma em uma ferida crônica e vai crescendo. O tratamento é doloroso: os soldados ficam afastados cerca de um mês e recebem mais de 50 injeções.

O Exército fornece um repelente potente, mas muitos dos soldados não o usam, dizendo que "queima na pele".

Muitos dos oficiais ostentam orgulhosos o "distintivo" do Centro de Instrução Guerra na Selva (Cigs), com uma onça. É muito difícil entrar no guerra na selva, o temido curso de 9 semanas para combate em matas. Mais difícil ainda é concluir o curso: de 100 militares, calcula-se que apenas 60 terminem. Em treinos excruciantes, eles aprendem a manipular cobras, sobreviver na selva sem alimentos, combater em rios cheios de piranha, andar na lama com dezenas de quilos nas costas.

Para os soldados que servem na Amazônia, o mais difícil é ficar dias e dias longe de casa, muitas vezes sem acesso a celular, nem internet. "Quando meu filho nasceu, demorei dois meses para vê-lo, estava servindo em Santa Rosa dos Purus, aonde só se chega de barco ou aviãozinho", conta o cabo Wesley Araújo.

No índice de lonjura "Coca-Cola dois litros", Santa Rosa dos Purus está no topo - lá, a a garrafa sai por R$ 10. Em Plácido de Castro, um pelotão de fronteira de mais fácil acesso, a Coca de dois litros sai por R$ 7. Em São Paulo, custa R$ 5.

Os oficiais que trabalham nesses postos remotos da Amazônia ganham um adicional de 20% para compensar o custo de vida. Um tenente em pelotão de fronteira na Amazônia chega a tirar R$ 6 mil. Os soldados entram ganhando na faixa de R$ 800, depois de um ano podem estar recebendo R$ 1300 a R$ 1700. O tempo de permanência máximo de um soldado profissional 9não oficial de carreira) no Exército é 7 anos.

"Se estivesse trabalhando em construção, ia tirar no máximo cerca de R$ 800 por mês", conta o soldado Marcos Fernandes. Ele era jogador de futebol, entrou no exército em 2010. Quando sair, não tem nem ideia do que vai fazer. Alguns fazem cursos técnicos no último ano e saem para trabalhar como fixadores de piso ou técnicos de ar condicionado.

As mulheres só servem em funções que não são de combate. Na maioria das vezes, o "segmento feminino", como são chamadas, são ligadas à saúde.

A aspirante Caroline Ortiz era a única mulher entre mais de 70 homens no bloqueio da estrada BR 364 na semana passada. Médica, ela ia ficar longe de casa 15 dias, dormindo em um alojamento na usina de Jirau, com os outros soldados. Ela ganha R$ 5400. Está juntando dinheiro para fazer residência em neonatologia em Curitiba ou no Hospital Militar em Brasília.

Enquanto esperava no bloqueio de estrada, a militar Caroline lia o best-seller erótico "Cinquenta tons de cinza", de E L James. "A gente precisa se distrair um pouquinho, né?"

domingo, 2 de junho de 2013

ADVOGADO É PRESO POR CRIME DE DESOBEDIÊNCIA


Operação AGATA 7




DOMINGO, 2 DE JUNHO DE 2013


Após 15 dias da Operação Ágata 7 nas regiões de fronteira do Estado, o Exército brasileiro já abordou milhares de veículos e apreendeu, até o momento, na região de Bagé, um revólver e uma motosserra.

Na tarde de ontem, foi preso um advogado, que conduzia uma picape Tucson preta, pois não parou no posto de bloqueio e controle de estradas da Operação Ágata 7, próximo à Polícia Rodoviária Federal de Pinheiro Machado, na BR-153, km 111.

De acordo com o coronel comandante do 25º Grupo de Artilharia da Campanha de Bagé, Carlos Eduardo Barbosa Carvalho, o crime cometido é de desobediência. “É um crime militar, artigo 301 do Código Penal Militar. Ele foi preso em flagrante”, explica.

O advogado irá para o 25º GAC e ficará em uma sala do quartel. “O crime de desobediência é julgado pela Justiça Militar”, garante.

Segundo a Polícia Rodoviária Federal, o homem vinha de Rio Grande e desobedeceu as ordens do Exército. Ele foi abordado no trevo de Bagé pela PRF. “O condutor estava alterado e ainda afirmava não reconhecer a autoridade do Exército”, comenta o policial rodoviário federal.

O veículo foi recolhido para o depósito, pois estava com o para-brisa trincado e pneus que comprometiam a segurança.